Rua da Tradição

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sábado, outubro 21, 2006

Arco - origem

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O jogo do arco, segundo uma gravura alemã do século XVIII.


A forma primitiva deste brinquedo foi o trochus (em grego, trochos, do verbo tre­cho, mover-se, correr graças a qualquer impulso). O trochus antigo era feito, em geral, de um simples aro de bronze que se fazia rolar por meio de uma varinha recur­vada. De resto, o mais simples dos aros não é um arco de pipa sobre o qual se bate com um pau, com pequenas pancadas repe­tidas, seguindo-o passo a passo? A varinha por meio da qual se punha o trochus em movimento era por vezes recurvada; deno­minava-se rabdos ou clavis, pois oferece, na extremidade, como se pode verificar em certos vasos gregos e romanos, uma saliên­cia que lhe dá alguma semelhança, embora longínqua, com uma chave.
Em certas figuras antigas, nomeadamente numa pedra gravada que foi reproduzida numa obra de Winckelmann, o jogador de trochus tem uma varinha em cada mão.
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Jogador de trochus


Este exercício era considerado muito hi­giénico pelos Antigos. Hipócrates aconse­lha-o às pessoas fracas e recomenda-o em todos os casos em que convém provocar uma sudação salutar. Oribásio, o médico do imperador Juliano, aconselha também o uso do arco. A descrição que dá do propulsor indica nitidamente que este ins­trumento era de ferro.
É verosímil que se organizassem nos ginásios provas atléti­cas de corrida com trochus.

Os arcos também foram utilizados pelas dançarinas gregas na apresentação de certos movi­mentos de destreza que tinham por vezes um sentido simbólico, como se verifica pela descrição seguinte, extraída do Ban­quete de Platão: «Vejo», diz Sócrates, «uma dançarina que se mantém ali imóvel e à qual trazem arcos. Imediatamente, a tangedora começa a fazer ouvir a flauta e a pessoa que se encontra perto da dan­çarina entrega-lhe até doze arcos. A dan­çarina pega neles, começa a dançar, e ao mesmo tempo lança-os ao ar, imprimindo­-lhes um movimento de rotação e calculando a força com que deve atirá-los para os receber, em cadência.» (Cap. lI.)
Ch. Lenormand mostrou que os trochus representavam simbolicamente um elo em relação directa com o casamento e a união conjugal. A rotação dos doze arcos pode evocar a ronda dos nascimentos da alma ao longo dos doze signos do Zodíaco. A uti­lização do símbolo do trochus nos misté­rios dionisíacos está confirmada, de resto, num dos vasos da colecção de Lamberg.

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Imagens e texto: Dicionário de Jogos, Ediorial Inova/Porto

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